Alien Weaponry lança poderoso videoclipe de “Taniwha” com Randy Blythe, do Lamb of God: um grito de resistência cultural e ambiental
A música, carregada de críticas sociais e ambientais, mescla o peso do death metal com a força da cultura māori. A colaboração surgiu de forma orgânica após um contato direto entre Blythe e o baixista Tūranga Morgan-Edmonds.
6/6/20254 min read


A banda neozelandesa Alien Weaponry lançou o videoclipe da intensa e simbólica faixa “Taniwha”, trazendo uma participação de peso: Randy Blythe, vocalista da icônica banda norte-americana Lamb of God. Com uma estética forte e mensagem incisiva, o vídeo mergulha em críticas sociais profundas, refletindo sobre ganância corporativa, consumismo desenfreado e a luta pela preservação cultural.
A música faz parte do mais recente álbum do trio, “Te Rā”, e se destaca como uma das composições mais agressivas da banda, com elementos marcantes do death metal, riffs cortantes e vocais furiosos. O clipe é uma alegoria visual em que os músicos são confrontados por titereiros que representam as forças controladoras da sociedade moderna. A metáfora é clara: há algo maior puxando as cordas da humanidade — e os jovens músicos não estão dispostos a aceitar isso em silêncio.
Uma colaboração que nasceu da cultura e da admiração mútua
A parceria entre Alien Weaponry e Randy Blythe não surgiu de estratégias comerciais, mas de um encontro orgânico entre culturas e visões de mundo. O baixista e vocalista Tūranga Morgan-Edmonds revelou à Rolling Stone Australia que tudo começou quando Randy, impactado por uma postagem de Tūranga sobre a cultura māori nas redes sociais, enviou uma mensagem privada demonstrando interesse e respeito.
Tūranga, que estava ouvindo demos do novo álbum em seu carro, percebeu que “Taniwha” precisava de algo especial. “Pensei: ‘Essa música precisa de algo… precisa do Randy’”, contou. Sem dizer nada aos colegas da banda, entrou em contato com o vocalista do Lamb of God. Felizmente, a resposta foi positiva.
Inicialmente, a colaboração seria na faixa “Hanging By A Thread”, mas o produtor Josh Wilbur (conhecido por trabalhos com Lamb of God, Gojira e Megadeth) decidiu não seguir com essa ideia, pois a letra acabava se sobrepondo à da canção “Nevermore”, do disco Omens (2022) do Lamb of God. Como alternativa, “Taniwha” se tornou o terreno fértil para essa união de forças.
O que torna a participação de Randy ainda mais significativa é o fato de ele ter contribuído com suas próprias letras, inclusive nos versos em te reo māori, idioma indígena da Nova Zelândia. E mais: Blythe gravou sua parte na sala de estar de sua própria casa, mostrando o comprometimento artístico e pessoal com a música e sua mensagem.
“Não foi apenas um momento de ‘olha quem tá com a gente’”, explicou Tūranga. “Foi uma colaboração verdadeira e significativa. O Lewis [Raharuhi De Jong, guitarrista e vocalista], que idolatra o Lamb of God, ficou em êxtase.”
“Taniwha”: monstros simbólicos e críticas reais
O título da faixa, “Taniwha”, se refere a uma criatura mítica da cultura māori — um espírito que habita rios, mares ou cavernas, frequentemente interpretado como protetor ou como símbolo de perigo. Na leitura da banda, o taniwha se torna uma figura metafórica dos monstros modernos: corporações gananciosas, políticas desumanas e os impactos ambientais da industrialização descontrolada.
O videoclipe usa marionetes grotescas para representar esses “monstros sociais”, que controlam a sociedade através de cordas invisíveis. A estética sombria e teatral ressalta a tensão da faixa, enquanto a atuação visceral de Randy Blythe encaixa-se perfeitamente na energia crua e contestadora da música.
“Te Rā”: resistência cultural com som brutal
Desde o lançamento do álbum de estreia “Tū” em 2018, Alien Weaponry tem se consolidado como uma das bandas mais relevantes da nova geração do metal mundial. O grupo se destaca não apenas pelo peso de suas músicas, mas pelo uso da língua e simbologia māori, misturando história ancestral com temas contemporâneos.
Com “Te Rā”, a banda aprofunda ainda mais essa fusão. A produção de Josh Wilbur trouxe clareza e potência ao som da banda, que passeia por nuances de groove, thrash, nu metal e até math metal, com refrões épicos e técnica afiada. É um trabalho que combina força musical com consciência social, evocando não apenas o orgulho de suas raízes, mas também o desejo de mudanças reais no mundo.
“Te Rā” pode ser visto como um grito por resiliência cultural e ambiental — um chamado para que os povos indígenas do mundo não apenas sejam lembrados, mas ouvidos, respeitados e celebrados. “Taniwha” é uma das faixas que melhor encapsula esse espírito.
Turnê e próximos passos
Alien Weaponry se prepara para embarcar em uma importante turnê pelos Estados Unidos ao lado do Avatar, com datas em novembro e dezembro de 2025. Também integrarão o line-up as bandas SpiritWorld e outras atrações do cenário alternativo.
Essa nova fase, marcada por colaborações internacionais e um amadurecimento artístico evidente, mostra que Alien Weaponry está cada vez mais pronto para romper fronteiras — tanto sonoras quanto culturais. A banda prova que o metal pode ser, sim, um veículo de expressão identitária profunda, de resistência política e de reconexão com as raízes.
“Taniwha” não é apenas uma faixa pesada com um vocalista famoso. É um símbolo daquilo que o metal pode representar quando utilizado como ferramenta de denúncia, orgulho ancestral e solidariedade global. Ao unir forças com Randy Blythe, Alien Weaponry cria mais do que uma música: cria um manifesto. E como bem mostra o videoclipe, os monstros de hoje ainda existem — mas há quem lute para desmascará-los, mesmo que sob a forma de um grito brutal amplificado por distorções.
Se o futuro do metal depende de novas vozes com algo a dizer, Alien Weaponry está gritando com força total.

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