GHOST encerra turnê europeia de 2025 em Oslo com vídeo feito por fã; banda celebra experiência "livre de celulares"

Mesmo com a política "phone-free", que exige que os celulares sejam guardados em bolsas Yondr durante as apresentações, um vídeo feito por um fã circulou online, mostrando a intensa performance da música "Square Hammer".

5/27/20254 min read

A banda sueca de rock teatral GHOST finalizou a etapa europeia de sua turnê mundial de 2025 com um show memorável em Oslo, na Noruega, cujo registro feito por um fã circula online, despertando ainda mais curiosidade sobre a proposta ousada da turnê: a experiência "livre de celulares". A excursão pela Europa teve início em 15 de abril, em Manchester, Reino Unido, e percorreu várias cidades até seu encerramento na capital norueguesa.

A próxima etapa da jornada global da banda está marcada para a América do Norte, começando em 9 de julho, em Baltimore, Maryland, e finalizando em 16 de agosto, em Houston, Texas. Mas além da potência musical e do espetáculo visual, o que realmente está chamando atenção é a política inédita adotada pelo grupo: uma proposta de shows sem o uso de celulares durante as apresentações.

Uma experiência imersiva: o conceito por trás do “banimento” dos celulares

Em uma recente entrevista à Audacy, Tobias Forge, mentor criativo e vocalista do GHOST, explicou em detalhes as motivações por trás da decisão de transformar os shows em uma experiência sem celulares. Segundo ele, a medida busca resgatar a conexão genuína entre banda e público, algo que, na visão do artista, tem se perdido com a popularização dos smartphones nas plateias.

"É um experimento", afirmou Forge. "Para ser honesto, minha filha de 16 anos estava muito, muito cética quanto a isso. Ela dizia: 'Ninguém vai comprar ingresso'. E eu respondi: 'Não sei, só sei que, ao longo dos anos, ficou completamente insano. Se você tem 10 mil pessoas em um show e 8 mil delas estão segurando um telefone, há algo profundamente desconectado nisso.'"

O vocalista ainda destacou que, embora reconheça os benefícios comerciais da divulgação espontânea por meio de vídeos e fotos em redes sociais, para ele o foco do show ao vivo deve ser a vivência direta, sem mediações. "O chamado para estar ali, para realizar esse espetáculo, é criar uma conexão entre mim e todos que estão trabalhando comigo para proporcionar essa experiência. E essa experiência é completamente prejudicada se todos estão apenas filmando", completou.

A inspiração e o sucesso do teste em Los Angeles

O modelo de apresentações "livres de dispositivos" não surgiu do nada. GHOST testou a proposta em setembro de 2023, quando gravou seu filme-concerto "Rite Here Rite Now" durante duas noites no Kia Forum, em Los Angeles. Para essas apresentações, os fãs tiveram seus celulares e smartwatches guardados em bolsas especiais da empresa Yondr, que são trancadas e só podem ser abertas ao final do evento.

A experiência foi tão positiva que influenciou diretamente a decisão de replicá-la na turnê de 2025. "Alguns dos melhores shows que fizemos nos tempos modernos foram esses, em Los Angeles", lembrou Forge. "Ficamos impressionados com o fato de que as pessoas estavam realmente lá, presentes. Não víamos um público tão engajado há anos, talvez uma década."

O vocalista revelou que essa sensação o emocionou profundamente: "Eu arrepio só de pensar. E pensei: 'Quero fazer isso todas as noites. Quero que todos sintam isso'".

Segundo relatos, muitos fãs que participaram das apresentações em Los Angeles saíram do evento exaltando a liberdade de simplesmente cantar e curtir o momento, sem a preocupação constante de estarem sendo filmados ou de precisarem registrar cada segundo para as redes sociais.

Resgatando a essência dos shows ao vivo

Tobias Forge destacou que a decisão não tem relação com controle de imagem ou direitos autorais, como algumas pessoas poderiam pensar. “Quero enfatizar que essa política não tem nada a ver com controle de copyright. Não é para impedirmos que outras pessoas monetizem vídeos do GHOST. Não é sobre isso”, garantiu.

O foco, segundo ele, está na qualidade da experiência para quem está no local. Forge acredita que a possibilidade de viver o espetáculo sem a interferência dos celulares cria uma atmosfera mais intensa e memorável. "O filme ‘Rite Here Rite Now’ carrega essa essência, e todos nós que trabalhamos na produção percebemos isso. O público parecia tão alegre, tão engajado de uma forma que eu não via há anos."

Tobias também fez questão de ressaltar que, embora os celulares fossem guardados, os fãs mantinham a posse deles o tempo todo, podendo sair para fazer uma ligação ou tirar fotos fora do espaço de apresentação se assim desejassem.

"É apenas por duas horas da sua vida", destacou. "Se você odiar, tudo bem. Mas nós, no palco, nos sentimos tão bem com isso, e sei que muitas pessoas disseram o mesmo depois. Foi uma sensação maravilhosa, e eu quero recriar isso."

O desafio de ir contra a cultura atual

Forge reconhece que essa escolha vai na contramão da cultura atual, altamente dependente de registros digitais e compartilhamentos em tempo real. Ele próprio admite que parte do sucesso inicial do GHOST se deve ao poder das redes sociais. "Começamos no MySpace. Essa foi a base do nosso sucesso na época. Não sei se teríamos nos tornado algo sem o MySpace. E claro, nosso TikTok também tem desempenhado um papel enorme."

Por isso, Tobias faz questão de não demonizar as redes sociais ou a tecnologia. "Não estou dizendo que todas as redes sociais são ruins. Apenas acredito que, quando se trata do show ao vivo, minha missão ali é criar uma conexão autêntica, que se perde quando as pessoas estão filmando."

Próximos passos: a América espera pela experiência sem celulares

Com a bem-sucedida etapa europeia encerrada, todas as atenções agora se voltam para a turnê norte-americana, que promete repetir o formato "phone-free". Resta saber como o público dos Estados Unidos e Canadá reagirá a essa proposta que desafia o comportamento padrão dos fãs em shows.

Enquanto isso, o vídeo filmado por um fã durante o show de encerramento em Oslo — mesmo com todas as medidas de restrição — surgiu online, servindo como um raro registro visual da nova fase da banda, e alimentando ainda mais o debate sobre a proposta de transformar as apresentações ao vivo em um momento de presença plena e conexão verdadeira.

Sem dúvida, GHOST está escrevendo mais um capítulo marcante na história do rock ao vivo, provocando reflexões não apenas sobre música, mas sobre a forma como a vivenciamos em tempos de hiperconexão digital.