Jesse Leach, do Killswitch Engage, relembra turnês com Iron Maiden e homenageia legado do Black Sabbath

Em recente entrevista à rádio WRIF, de Detroit, o vocalista do Killswitch Engage, Jesse Leach, abriu o coração ao refletir sobre momentos marcantes de sua carreira e sobre o impacto eterno de lendas como Iron Maiden, Ozzy Osbourne e Black Sabbath no cenário da música pesada.

7/3/2025

Falando com o radialista Meltdown, Jesse destacou a importância de reconhecer o fim de ciclos com dignidade e reverência — especialmente quando se trata de nomes que moldaram o heavy metal como o conhecemos hoje.

O ponto de partida da conversa foi a despedida de Ozzy Osbourne e do Black Sabbath, marcada para acontecer no final de semana em Birmingham, no Reino Unido. Para Jesse, essa despedida é mais do que justa e simbólica. “O mundo da música deve muito tanto ao Ozzy quanto ao Black Sabbath. Eles mudaram a cara da música e do mundo. Espero sempre o melhor para a saúde do Ozzy e sou eternamente fã dele e do Sabbath. Isso é algo muito importante”, declarou.

Ao comentar a raridade de uma banda poder se despedir de seus fãs antes que algum de seus membros originais não esteja mais entre nós, Jesse refletiu sobre o que significa encerrar uma trajetória artística com consciência. “Acho que é ótimo quando uma banda tem essa chance. E também é importante saber quando é a hora de parar. A gente espera ter esse discernimento. Mas aí você olha para o Iron Maiden... Bruce Dickinson ainda está no auge. Ele está nos seus sessenta anos e continua impecável. Fizemos duas turnês com eles e, todas as noites, ele estava em forma. Eu espero estar, pelo menos, um quarto tão bem quanto ele nessa idade”, comentou, admirado.

E foi justamente sobre essas duas turnês com o Iron Maiden que Jesse falou com mais entusiasmo. Segundo o vocalista, dividir a estrada com os britânicos foi mais do que uma experiência profissional: foi uma aula de dedicação, respeito e profissionalismo. “É difícil colocar em palavras. Foi como voltar à escola. Aprender vendo uma banda destruir no palco por três horas seguidas é algo que não se esquece. Mas mais do que isso, foi a forma como eles nos trataram. Foram verdadeiros cavalheiros. Tudo que precisávamos, tínhamos. Toda a equipe deles, até os assistentes, sabiam o nosso nome. Você acordava e era recebido com um ‘bom dia, Jesse’. O catering era excelente. Tudo funcionava como uma máquina bem lubrificada. Você se sentia confortável, aceito, parte daquilo. Iron Maiden, cara... eles são reis. Sempre vou lembrar dessas duas turnês como os maiores destaques da minha vida e carreira artística.”

Esse sentimento não é exclusivo de Jesse. Em 2019, o baterista Justin Foley já havia expressado sua admiração ao relembrar a primeira turnê com o Maiden. “Na primeira semana, era só estar em choque. Depois, você se acostuma e pensa: ‘ok, isso é uma turnê’. Mas ver o show deles todas as noites, ver o nível de dedicação, é algo inspirador. Mostra o que é estar no mais alto nível.”

O baixista Mike D’Antonio também teve palavras emocionadas sobre a turnê de 2018, na perna europeia do “Legacy Of The Beast”. Para ele, aquele verão foi incomparável: “Vai ser o verão pelo qual vou julgar todos os outros. Um sonho realizado. Era a primeira turnê do ‘Beast’, tocando muita coisa antiga, como ‘Flight of Icarus’. O setlist estava incrível. E os caras foram super legais. O Bruce até aparecia no nosso camarim empolgado com seus lança-chamas! Entrava e gritava: ‘Tenho lança-chamas!’ e saía correndo. A gente ficava: ‘O que acabou de acontecer? Esse foi o Bruce Dickinson!’”.

Mike também revelou que, apesar do carinho da banda, o público nem sempre foi receptivo. “Você é a banda que está no caminho do show do Iron Maiden, então as pessoas te toleram. Alguns curtem, mas a maioria só quer ver o Maiden. E tudo bem. Isso te faz cavar fundo e dar o melhor de si, mesmo que ninguém te olhe. E tocamos para plateias de 40 a 80 mil pessoas por noite, às vezes duas noites seguidas. Inesquecível. Se gostaram ou não da gente, pouco importa. Foi incrível.”

Ao fim da entrevista, o sentimento que fica é de gratidão — tanto pelo passado quanto pelo futuro. Jesse Leach e o Killswitch Engage sabem que fazem parte de uma linhagem musical forjada por gigantes como Ozzy, Sabbath e Maiden. E, com humildade e paixão, continuam construindo sua própria história, um show de cada vez.