Do palco para as páginas: John Dolmayan, do System of a Down, anuncia turnê de autógrafos de quadrinhos na América do Sul em meio à volta triunfal da banda

John Dolmayan, baterista icônico do System of a Down, está prestes a embarcar em uma jornada que vai muito além dos palcos lotados e riffs pesados. Enquanto a banda se prepara para sua aguardada turnê sul-americana "Wake Up!", marcada para abril e maio de 2025, Dolmayan aproveita a ocasião para conectar-se com os fãs de uma maneira completamente diferente: através do universo dos quadrinhos.

Durante a passagem do SOAD pela América do Sul, Dolmayan realizará uma série de eventos de autógrafos de suas obras autorais "Dead Samurai" e "Ascencia" — dois títulos que representam não apenas sua paixão pelo gênero, mas também sua habilidade de contar histórias intensas e visualmente impactantes.

Uma conexão entre música e HQs

Para os fãs que conhecem apenas o lado musical de John Dolmayan, sua incursão no mundo das HQs pode parecer uma surpresa. Mas, na verdade, sua relação com os quadrinhos é antiga — mais antiga até do que sua entrada no System of a Down, em 1997. Desde pequeno, Dolmayan já usava sua mesada semanal para comprar revistas em quadrinhos, fascinado pelos mundos e personagens que se desenrolavam diante de seus olhos.

O tempo passou, e essa paixão virou um verdadeiro negócio. Em 2003, nasceu a Torpedo Comics, primeira loja física do músico, situada em Las Vegas. A empreitada se expandiu e hoje conta com outras três unidades na Califórnia, especializadas em títulos raros e colecionáveis. Mas Dolmayan não parou por aí: decidiu levar sua criatividade além do colecionismo e passou a escrever suas próprias histórias em quadrinhos, fundindo elementos de cultura pop, ficção científica e mitologia japonesa.

Turnê de autógrafos: datas e locais

Durante a turnê do System of a Down, Dolmayan aproveitará para realizar seis eventos de autógrafos em lojas especializadas pelo continente. Veja abaixo o calendário completo:

  • 23 de abril às 12h – TooGEEK – Bogotá, Colômbia

  • 26 de abril às 12h – Sonotec – Lima, Peru

  • 29 de abril às 15h – Mirax Hobbies – Santiago, Chile

  • 2 de maio às 16h – Sector 2814 – Buenos Aires, Argentina

  • 7 de maio às 16h – Livraria Argumento – Rio de Janeiro, Brasil

  • 12 de maio às 16h – Loja Monstra – São Paulo, Brasil

A expectativa é de que fãs da banda e aficionados por quadrinhos compareçam em peso para prestigiar o artista em sua faceta literária. “América do Sul — mal posso esperar para ver vocês nas próximas semanas na turnê e nos eventos de autógrafos dos meus quadrinhos”, declarou Dolmayan nas redes sociais. “Serão seis oportunidades para vocês aparecerem e dizerem olá.”

Dead Samurai: samurais, honra e zumbis

Lançada em outubro de 2024 pela Diamond Distribution, "Dead Samurai" é a obra mais recente de John Dolmayan, e mistura dois universos aparentemente opostos: o Japão feudal e o apocalipse zumbi. O primeiro volume conta com capa assinada pelo lendário Bill Sienkiewicz (conhecido por seu trabalho em "New Mutants", "Moon Knight" e "Elektra: Assassin") e ilustrações de Ryan Benjamin, artista renomado por colaborações com franquias como "Star Wars", "Iron Man" e "Batman".

A trama se passa no Japão do século XVI, onde uma infecção inspirada na lepra se espalha, transformando pessoas em criaturas canibais desprovidas de memória e moralidade. No centro da história está Shinzu, um samurai mestiço — metade japonês, metade português — que falha em proteger seu Daimyo e sua família. Dominado pela vergonha, ele se prepara para cometer seppuku (ritual suicida), mas descobre que a filha mais nova do Daimyo sobreviveu. Esse encontro reacende seu senso de propósito e inicia uma jornada de redenção, onde ele luta para proteger a menina e restaurar sua honra.

Dolmayan define a obra como um cruzamento entre "Os Três Mosqueteiros" e histórias de zumbis, explorando temas como sacrifício, amizade, lealdade e redenção. “Com 'Dead Samurai', eu tive a chance de unir duas coisas que amo: o Japão feudal e zumbis! Espero que as pessoas curtam essa aventura tanto quanto eu curti escrevê-la”, disse ele.

Ascencia: o futuro, a imortalidade e o preço da humanidade

Antes de "Dead Samurai", John Dolmayan já havia se aventurado como autor com "Ascencia" — uma série de ficção científica ambientada 150 anos no futuro. Nesse mundo distópico, a humanidade se encontra em uma corrida pela imortalidade, e a história se desenvolve em torno das implicações morais, políticas e sociais dessa busca desesperada.

Com traços de cyberpunk e distopia clássica, "Ascencia" questiona até que ponto os seres humanos estão dispostos a ir para vencer a morte. A obra é repleta de dilemas éticos, espionagem futurista e personagens complexos, que refletem partes do próprio autor. “Criar quadrinhos, para mim, é como escrever música. Ambos são válvulas de escape criativas. Cada nova história traz elementos da minha vida, da sociedade e das perguntas que me faço como ser humano”, compartilhou Dolmayan em entrevistas anteriores.

Um artista multidimensional

Não é incomum que músicos se aventurem por outras formas de arte, mas poucos conseguem construir uma carreira paralela tão consistente quanto John Dolmayan. Em um mundo onde muitas celebridades se limitam ao nome para promover produtos, Dolmayan mergulha profundamente em cada aspecto de seus projetos, seja compondo batidas frenéticas no System of a Down ou desenvolvendo universos complexos nos quadrinhos.

Além disso, seu envolvimento na curadoria e comércio de HQs raras o coloca como uma figura de autoridade no mercado colecionável, respeitado não apenas pelos fãs da música, mas também pela comunidade geek e nerd em geral.

Um presente duplo para os fãs

A turnê "Wake Up!" já seria, por si só, um presente para os fãs latino-americanos do System of a Down — afinal, trata-se da primeira passagem da banda pela região em quase uma década. Mas, com os eventos de autógrafos organizados por John Dolmayan, a experiência se torna ainda mais especial. Fãs poderão não apenas curtir os clássicos como “Chop Suey!” e “Toxicity” ao vivo, como também mergulhar no universo criativo paralelo de um dos membros mais enigmáticos da banda.

Para quem vive a intersecção entre música pesada, cultura pop e histórias de fantasia, essa é uma oportunidade única de vivenciar todas essas paixões em um mesmo espaço. E, claro, sair com uma edição autografada por ninguém menos que o próprio criador.

Com a mente sempre em ebulição criativa, John Dolmayan prova que a arte não tem limites — e que, às vezes, basta virar a página para descobrir um novo lado de quem a gente achava já conhecer por completo.