Pantera: A Ascensão, o Legado e a Tragédia que Marcou a História do Metal

Poucas bandas conseguiram transformar completamente o cenário do heavy metal como o Pantera. De um início glamoroso nos anos 80 até se tornarem os mestres do groove metal nos anos 90, a trajetória do grupo texano é marcada por conquistas, polêmicas e uma tragédia que abalou toda a comunidade musical. Neste especial, você vai conhecer curiosidades sobre a banda, entender sua importância para o metal e relembrar o fatídico dia que tirou a vida de um dos guitarristas mais influentes de todos os tempos: Dimebag Darrell.

O Início: De uma Banda de Glam Metal à Revolução Sonora

O Pantera surgiu em 1981 em Arlington, no Texas, fundado pelos irmãos Darrell Lance Abbott (guitarra) e Vincent Paul Abbott (bateria), conhecidos mundialmente como Dimebag Darrell e Vinnie Paul, respectivamente. Inicialmente, a banda apostava no glam metal, estilo popularizado por grupos como Mötley Crüe e Poison, caracterizado por figurinos chamativos, maquiagem pesada e riffs de guitarra marcantes, mas melodiosos.

Nos primeiros anos, o Pantera lançou de forma independente álbuns como Metal Magic (1983), Projects in the Jungle (1984) e I Am the Night (1985), todos dentro dessa estética glam. O vocalista da época era Terry Glaze, que mais tarde deixaria a banda devido a divergências criativas.

A grande mudança aconteceu quando Phil Anselmo entrou como vocalista em 1986. Com uma voz agressiva e gutural, ele trouxe um novo fôlego à sonoridade do Pantera, que, gradativamente, se distanciou do glam para abraçar um estilo mais pesado e direto.

A Consolidação: O Nascimento do Groove Metal

Em 1990, o Pantera lançou Cowboys from Hell, considerado por muitos o verdadeiro álbum de estreia da banda, já com sua nova identidade sonora. Este disco representou a ruptura definitiva com o passado glam e apresentou ao mundo o groove metal — uma mistura poderosa de thrash, riffs pesados, tempos quebrados e uma pegada rítmica irresistível.

O sucesso foi imediato. Faixas como “Cowboys from Hell” e “Cemetery Gates” se tornaram hinos do metal e mostraram a habilidade excepcional de Dimebag Darrell nas guitarras, com solos rápidos, criativos e, ao mesmo tempo, melódicos.

Nos anos seguintes, o Pantera consolidou sua posição de destaque com álbuns que se tornaram clássicos:

  • Vulgar Display of Power (1992), com hits como “Walk” e “Mouth for War”, elevou o nível de agressividade e lirismo da banda.

  • Far Beyond Driven (1994) alcançou o topo da Billboard 200, feito raríssimo para uma banda tão pesada, destacando faixas como “I’m Broken”.

  • The Great Southern Trendkill (1996) e Reinventing the Steel (2000) mantiveram o padrão elevado e mostraram um grupo em constante evolução.

O Estilo Único de Dimebag Darrell

Uma das grandes marcas do Pantera sempre foi a guitarra de Dimebag Darrell. Ele não apenas revolucionou o uso de harmônicos artificiais — aqueles famosos "pings" metálicos no meio dos riffs — como também incorporou influências que iam de Eddie Van Halen ao blues, criando uma identidade inconfundível.

Seu carisma no palco e a parceria musical com o irmão Vinnie Paul transformaram o Pantera em uma das bandas mais coesas e técnicas do metal.

O Fim do Pantera e o Início do Damageplan

Apesar do sucesso estrondoso, tensões internas começaram a desgastar o grupo. Desentendimentos criativos e pessoais, principalmente entre Phil Anselmo e os irmãos Abbott, levaram ao fim não-oficial da banda em 2003.

Sem o Pantera, Dimebag Darrell e Vinnie Paul formaram o Damageplan, buscando explorar novas sonoridades, mas sem abandonar a pegada pesada que os consagrou.

A Tragédia: O Assassinato de Dimebag Darrell

O episódio mais sombrio da história da banda — e um dos mais trágicos da história do rock — aconteceu em 8 de dezembro de 2004. O Damageplan fazia um show na casa noturna Alrosa Villa, em Columbus, Ohio, quando Nathan Gale, um fã mentalmente instável, invadiu o palco e atirou em Dimebag Darrell à queima-roupa, matando-o instantaneamente aos 38 anos.

Além de Dimebag, outras três pessoas foram mortas: o segurança da banda, Jeffrey “Mayhem” Thompson; um fã, Nathan Bray; e o funcionário do clube, Erin Halk. O ataque só foi interrompido quando o policial James Niggemeyer entrou no local e neutralizou o atirador.

A tragédia chocou o mundo inteiro, gerando uma onda de comoção e homenagens ao guitarrista. Artistas como Zakk Wylde, Dave Mustaine e membros do Metallica expressaram publicamente seu pesar, e tributos surgiram por todo o mundo.

O Legado Imortal do Pantera

Mesmo após o fim e a perda irreparável de Dimebag Darrell, o legado do Pantera segue vivo. As músicas da banda continuam sendo referência para novos músicos e bandas que surgem a cada geração. O estilo groove metal, que eles ajudaram a popularizar, tornou-se um pilar do heavy metal moderno.

Além disso, Dimebag Darrell se eternizou como um dos maiores guitarristas de todos os tempos, frequentemente citado em listas especializadas e homenageado por fãs e colegas de profissão.

Em 2022, Phil Anselmo e Rex Brown — os membros sobreviventes do Pantera — anunciaram uma turnê comemorativa, contando com Zakk Wylde na guitarra e Charlie Benante na bateria, em tributo aos irmãos Abbott. Embora a formação tenha dividido opiniões, muitos fãs veem a turnê como uma forma legítima de celebrar a história da banda.

Curiosidades sobre o Pantera:

  • Nome da banda: O nome "Pantera" foi escolhido por sugestão do guitarrista Terry Glaze e significa “panther” em espanhol e italiano.

  • Capa icônica: A capa do Vulgar Display of Power mostra um soco sendo desferido em um rosto. Reza a lenda que o modelo levou mais de 30 socos reais até que a foto ficasse como queriam.

  • Dimebag e sua guitarra: Dimebag ficou conhecido por usar a guitarra Dean ML, instrumento que se tornou sua marca registrada.

  • Homenagens: O festival Ozzfest de 2005 foi dedicado à memória de Dimebag Darrell.

  • Local da tragédia: Em 2021, o local onde Dimebag foi assassinado, Alrosa Villa, foi demolido para dar lugar a um projeto habitacional, encerrando simbolicamente um dos capítulos mais dolorosos da história do metal.

O Pantera não foi apenas uma banda, mas um fenômeno que redefiniu o heavy metal, quebrou barreiras sonoras e emocionais, e deixou um legado que transcende gerações. A trágica morte de Dimebag Darrell reforçou a vulnerabilidade dos artistas, mas também eternizou sua figura como um dos maiores ícones da música pesada. A cada riff tocado e a cada fã que ergue os punhos ao som de “Walk”, o espírito do Pantera continua mais vivo do que nunca.