System of a Down: Novo Álbum Ainda É Uma Possibilidade Remota, Diz John Dolmayan
Em uma nova entrevista, o baterista John Dolmayan fala sobre as remotas chances de um novo álbum do System of a Down, enquanto Serj Tankian relembra os entraves criativos e a tentativa de aplicar uma abordagem igualitária na banda. A matéria explora as declarações recentes dos músicos, o histórico de lançamentos, e os obstáculos que mantêm o futuro musical do grupo em suspensão desde 2005.
5/5/20253 min read


Os fãs do System of a Down já se acostumaram a viver na expectativa — ou melhor, na ausência dela — quando o assunto é um novo álbum. Desde o lançamento duplo de Mezmerize e Hypnotize em 2005, a banda armênio-americana tem mantido uma postura enigmática em relação ao futuro musical. Em uma recente entrevista concedida à rádio argentina Rock & Pop FM 95.9, o baterista John Dolmayan voltou a comentar sobre a situação atual do grupo, oferecendo uma visão sincera e, para muitos, melancolicamente realista.
"Eu diria que, se você está satisfeito com o que tem, então não precisa de mais", afirmou Dolmayan. "É como ir jantar e continuar comendo. Eventualmente, você não vai estar mais com fome. Mas se você sabe o que quer comer, e espera por isso, então vai aproveitar e não ficará faminto. Agora, se o System of a Down fizer mais música — e isso não é impossível, embora, após 25 anos, seja improvável — eu diria para não esperar, mas, se acontecer, será uma boa surpresa para todos nós."
Essa "boa surpresa" parece cada vez mais distante. Apesar de a banda ter encerrado um hiato em 2011 e realizado diversas turnês desde então, o número de novas músicas lançadas é ínfimo: apenas duas faixas inéditas em quase duas décadas. "Protect The Land" e "Genocidal Humanoidz", lançadas em novembro de 2020, foram motivadas pela guerra entre Artsakh e Azerbaijão. Com forte apelo político e emocional, as canções foram lançadas com o objetivo de arrecadar fundos para a causa armênia. A iniciativa teve uma resposta significativa dos fãs, e a banda conseguiu levantar mais de US$ 600 mil para ajudar em esforços humanitários.
Ainda assim, o esforço coletivo para produzir um novo disco parece travado por questões internas — e antigas. Em 2023, durante a divulgação de sua autobiografia Down With The System, o vocalista Serj Tankian explicou em entrevista ao The Jesea Lee Show o que seria necessário para que um novo álbum da banda se tornasse realidade. A resposta foi clara: igualdade.
"Uma abordagem igualitária em tudo dentro da banda", disse Serj. "Em outras palavras, mais igualdade em termos de composição, divisão de royalties, ideias e visão. Esse tipo de coisa."
Serj revelou ainda que, anos atrás, tentou apresentar uma proposta mais colaborativa aos colegas, um plano que ele apelidou de "manifesto". "Eu tinha novas músicas que achava que seriam incríveis com o System. Apresentei uma ideia de visão diferente, que pensei ser benéfica para a banda. A gente brinca chamando de manifesto no livro, mas... levar um manifesto para músicos de rock é... acho que não funciona — não funcionou. Mas eu estava tentando aplicar os mesmos princípios igualitários que defendo como ativista em tudo o que faço. Naquela época, não funcionou. Mas talvez um dia funcione. Vamos ver."
As palavras de Tankian mostram que a divisão criativa entre os membros da banda vai além de meras diferenças artísticas. Há uma tensão entre a necessidade de expressão pessoal e a colaboração coletiva — algo especialmente delicado em uma banda com membros tão politicamente engajados e com ideias fortes como o System of a Down.
Enquanto isso, o legado permanece. Toxicity (2001), Mezmerize e Hypnotize continuam sendo obras de referência no metal alternativo, e a base de fãs ainda lota shows ao redor do mundo, movida pela nostalgia e pela esperança. John Dolmayan, apesar de cético, não fecha completamente as portas para o futuro. Ele apenas sugere que os fãs não se prendam à expectativa.
"Não espere", reforça o baterista. "Mas se acontecer, será uma boa surpresa para todos nós."
E talvez seja justamente essa postura — de aceitação, mas não de resignação — que mantenha vivo o interesse por um possível retorno criativo. Afinal, em uma carreira marcada por surpresas e rupturas, o inesperado ainda é uma das únicas certezas quando se trata do System of a Down.
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